segunda-feira, dezembro 06, 2004

ROUBO!



Ontem à noite, no Estádio Cidade de Coimbra, assistiu-se a mais uma prova inequívoca que o futebol em Portugal é uma vergonha. Os três clubes a quem chamam grandes não são mais do que verdadeiras organizações mafiosas que controlam a seu belo prazer tudo o que se passa nos meandros do futebol, impedindo todos os outros de chegarem mais longe, apesar de, muitas vezes, merecerem bem mais do que eles. A encomenda que chegou de Setúbal para (supostamente) arbitrar o jogo entre a Briosa e o Sporting vinha com a lição bem estudada e conseguiu os seus objectivos dando a vitória aos de Lisboa por três bolas a duas. Parece que nesta época foi à Briosa que calhou ficar marcada para descer de divisão. O sistema do Dr. Dias da Cunha continua em funcionamento, não há dúvidas! Só espero que as investigações do "Apito Dourado" se virem também para as bandas de Alvalade uma vez que a máfia que controla o futebol não tem apenas uma cor, mas sim três: azul, verde e vermelho.
Quanto ao jogo, pode-se dizer que, mais uma vez, a Briosa entrou apática, sem pressionar o adversário e sem fio de jogo. O meio campo não conseguia impôr algum tempo de posse de bola, pelo que o ataque era inoperante. Para além disto, o sector que é considerado por todos como o melhor da equipa (a defesa) teve ontem fífias muito graves na primeira parte, que se saldaram por dois golos do adversário. Na segunda parte, tudo se alterou. Talvez feridos no orgulho, os atletas da Briosa entraram com outra força, mais pressionantes, jogando no meio campo adverário. Assim, a Académica conseguiu o primeiro golo por intermédio de Dário (2º golo na Superliga) que conseguiu dar o melhor seguimento a um remate de Dionattan na direita. Depois do golo, e após a entrada de Luciano, os jogadores da Académica, mais moralizados, continuaram a exibir-se em bom nível. Luciano veio trazer a força que ainda faltava à equipa e, num lance em que se preparava para rematar à baliza do Sporting, foi impedido por Rui Jorge, o que originou a grande penalidade que ele próprio (quis ser ele a assumir a responsabilidade) viria a converter no golo do empate, se bem que só a segunda tentativa, pois o sr. árbitro fez o favor de mandar rapetir a marcação porque Dário tinha entrado dentro da grande área antes da marcação. Só não reparou é que também jogadores do Sporting lá estavam... Depois do empate entrou em acção o Sr. João Ferreira. A Académica não conseguia sair do seu meio campo. O árbitro marcava faltas em cima de faltas perto da grande área academista, empurrando o Sporting para o golo. Numa jogada rápida pela direita, Luciano é derrubado por Rui Jorge, que já tinha cartão amarelo, mas o sr. João Ferreira, incrivelmente, deixou-o continuar em campo! Na sequência da jogada, Ricardo agarra uma bola cruzada para a grande área, Vasco Faísca passa por ele e dá-lhe um pequeno toque que o guarda redes (grande criador de perús) que tem actuado na Selecção Nacional por especial favor de Scolari, aproveita para se atirar para o chão numa encenação vergonhosa e que demonstra bem que ele de Homem não tem nada. Para além daquela vozinha ridícula de cana rachada, também a sua estatura moral é a de um ser mesquinho e sem princípios que envergonha Portugal por ser o titular da sua Selecção. O sr. do apito, no cumprimento da missão que lhe tinham confiado, aproveita para mostrar de imediato o segundo cartão amarelo a Vasco Faísca, o que dita a sua expulsão. A partir deste momento, a equipa da Académica fica completamente descontrolada, como é natural, e o Sporting aproveitou para forçar no ataque tirando partido da superioridade numérica e da ajuda do árbitro. O golo da vitória surge em mais um lance em que o árbitro demonstra que estava ali para dar a vitória ao Sporting. Num lance de insistência, Ricardo Fernandes é carregado por trás por Beto, o que faz com que a bola sobre para Liedson que consegue dar um toque para o lado e carregar Pedro Roma dentro da PEQUENA ÁREA, local onde o guarda redes não pode ser tocado pelos adversários, o que faz com que Rogério consiga empurrar a bola para dentro da baliza. Mesmo assim, contra tudo e contra todos, a Académica podia ter empatado por Luciano, num espectacular remate de fora da área que Ricardo consegue defender, com alguma sorte, para a barra da sua baliza. No seguimento, Ricardo Fernandes dispara por cima.

Quanto ao escalonamento da equipa que iniciou o encontro, João Carlos Pereira, optou por manter a estratégia dos jogos anteriores, isto é um 4x4x2 losango. Em relação à última jornada saiu da equipa Luciano e entrou para o seu lugar Joeano. João Carlos Pereira, quanto a mim de forma inexplicável, continua a não dar o devido valor a Luciano. Está à vista de todos que Joeano continua em baixo de forma e não consegue render Luciano a um nível aceitável. Notou-se que a partir da sua entrada no jogo, o ataque da Académica tornou-se mais rápido, mais efectivo e perigoso. Será que é preciso recordar ao treinador da Briosa que Luciano, apesar de não ter sido titular em muitas partidas, é o melhor marcador da equipa (4 golos) e já tem duas assistências para golo? Se ele não aguenta os 90 minutos, devido ao seu estilo de jogo, muito voluntarioso e combativo, porque não o coloca a jogar de início e o substitui quando ele estiver esgotado? Porque é que a Académica começa os jogos na espectativa, para "ver o que dá"? O treinador afirmou no final do encontro que esta era mais uma "lição" para a equipa, que não deve esperar que os adversários se coloquem em vantagem para começar a jogar. Quer-me parecer que é uma lição, mas para o próprio treinador (que já teve muitas mas parece não aprender), uma vez que começa as partidas na expectativa, em vez de jogar de início com os melhores jogadores para tentar, desde logo, a vitória.
É de realçar que, FINALMENTE, a direcção da Briosa veio a "terreiro" para falar das arbitragens. O que é demais é demais e não podemos andar a ser roubados a torto e a direito, sem que a Direcção tome uma posição de força. Se bem que as palavras não tenham sido muito duras, José Eduardo Simões veio à conferência de imprensa no final da partida para falar sobre o que considera estar mal no mundo da arbitragem, afirmando que "se existe sitema, como os dirigentes de alguns clubes afirmam, esse sistema tem de ser igual para todos e não beneficiar sempre os mesmos". Depois o Presidente Interino e candidato nas próximas eleições continuou dizendo que faz "um apelo para que a justiça seja célere e acuse, julgue e condene quem tiver de ser. Refiro-me a este segundo acto da operação Apito Dourado. Não concordo que seja por etapas. O futebol português vive de uma suspeição e de um clima de impunidade (...) a justiça, sendo lenta e aos soluços, só beneficia os culpados e prejudica os inocentes. Os investimentos dos clubes são prejudicados com este clima de suspeição. A Académica é uma instituição que pugna pela verdade, pelo que todas as manhas e vergonhas têm de desaparecer." Por fim, José Eduardo Simões, terminou a sua intervenção dizendo que "queremos discutir a questão da arbitragem em Portugal em sede própria, com a Liga e a Federação. A arbitragem, na nossa opinião, deve ser independente, porque o modelo actual faliu".