SIMÕES AFIRMA QUE MALÓ NÃO SABE GERIR
José Eduardo Simões, Presidente Interino e candidato à presidência da AAC/OAF deu uma entrevista ao jornal "Record", em que se abordam os temas relacionados relacionados com a campanha que está a decorrer, assim como as ideias que o candidato tem para o futuro da Briosa, no caso de vir a ser eleito. Quanto à frase que muitas vezes tem repetido de "não querer repetir aventureirismos do passado", José Eduardo Simões adintou que "refiro-me, objectivamente, à gestão de Campos Coroa, que é, curiosamente, apoiante de Maló de Abreu, o líder da Lista B. Houve má gestão em todos os domínios: desportivo, social e financeiro. No plano desportivo, a equipa nunca esteve tanto tempo na II Divisão como nessa altura. Socialmente, esteve sempre de costas voltadas para a Associação Académica, a casa-mãe; foram só problemas e uma enorme incapacidade de interagir com a sociedade. Finalmente, no aspecto financeiro, conseguiu na prática levar a Académica a uma situação de falência e descrédito, que podiam ter feito com que a Académica desaparecesse ou se tornasse noutro Salgueiros ou Farense. Essa gestão posso comparar à do dr. Maló de Abreu no basquetebol da Académica entre 1988 e 90. Com um orçamento de 20 mil contos, fugiu em 1990 com dívidas da ordem dos 100 mil contos, ou seja, cinco vezes mais do que o orçamentado. Houve falta de responsabilidade e incapacidade de enfrentar as consequências das suas próprias asneiras. E foram os outros a pagar as suas dívidas. Ele fala de tradição e memória, mas quando esteve no basquetebol não pediu cooperação a nenhum dos antigos e famosos jogadores do clube, casos de Mário Mexia ou dos irmãos Baganha. Ele não sente a Académica e fala sem entender o que é a Académica.
Quanto às promessas feitas nos últimos dias pelo seu adversário nas eleições, José Eduardo Simões considera que "nos últimos 10 a 15 dias foi um completo jogo de ilusões, de vaidades, sem conseguir separar a realidade da ilusão. São patrocínios milionários, contratos fantásticos, parcerias com o Chelsea, jogos com o Real Madrid. O dr. Maló de Abreu está a entrar num domínio que eu não consigo adjectivar. Não sabe onde acaba a realidade e começa a ficção. E olhe que eu tenho um médico psiquiatra na minha lista que poderá explicar isso. A irresponsabilidade é tal que fala em não rasgar contratos e, ao mesmo tempo, quer contratar novo treinador, director-geral e jogadores. Eu questiono-me se vamos ter duas equipas, uma com cada treinador. E dois directores-gerais. Se ele vencesse as eleições, teríamos certamente uma gestão pior do que a de Campos Coroa. Mas desse ainda conseguimos salvar o clube. Este surge com declarações que constituem uma ameaça muito grave à vida da Académica".
A entrevista continua, agora para as medidas que o Presidente Interino pretende implementar se for eleito Presidente da Direcção. A este respeito José Eduardo Simões expõe o que pretende para a Académica: "Queremos acima de tudo que a Académica seja um clube credível e ganhador, nada que se compare a este passado que citei. Temos obra feita em dois anos e as promessas todas cumpridas. E isso dá-nos maior credibilidade. A falência foi evitada, a equipa de futebol está há três anos na SuperLiga, há um autocarro novo sem custos para o clube, a equipa é mais valiosa do que era, a Academia Briosa XXI está a crescer sem o clube gastar dinheiro e, finalmente, há um entendimento com a direcção-geral da Associação Académica de Coimbra. Agora queremos continuar a obra iniciada com o dr. João Moreno. É uma questão de honra, de dignidade e de princípios. Com a sua morte, decidimos que os sócios deveriam intervir e julgar o nosso trabalho. Há que dar continuidade a este trabalho".
No que à equipa de futebol profissional diz respeito, José Eduardo Simões afirma que "já no início de 2005 reforçaremos a equipa de futebol com jogadores e serão feitos alguns ajustamentos na estrutura do departamento de futebol.O último lugar significa muito azar. É preciso ver que é a equipa da SuperLiga com mais bolas no poste (nove); senão teríamos agora 22 pontos. Mas como não acredito nessas coisas de sorte e azar, houve que identificar lacunas que não prevíamos no início da época. Houve alturas em que só puderam ser convocados 15, 16 ou 17 jogadores. São acidentes a que nenhuma equipa está imune e que era impossível prever. Veja-se o caso actual do Benfica. Houve realmente uma sucessão de acasos e problemas. Depois do interregno serão anunciadas as medidas concretas e não agora, em período eleitoral. Por mais que a equipa esteja coesa, tranquila e procure manter a cabeça fria, desde que a campanha eleitoral se iniciou, com muito pouca dignidade por parte da Lista B, é impossível não ser influenciada por estas questões. E isso afectou o seu rendimento. Não dá para manter a serenidade quando a outra lista anuncia um director-geral, fala em afastar o treinador e contratar uma série de jogadores. É uma campanha nefasta para a equipa. E nós não alinhamos nesse tipo de jogadas. O nosso objectivo é manter a mesma estrutura. Só que, como será uma nova Direcção, haverá também novas sensibilidades e ideias sobre os reajustamentos que a equipa necessita. Uma coisa é certa: estamos satisfeitos com a equipa, sendo que não merece o lugar em que está neste momento. E as nossas prioridades estão identificadas. Só que apenas avançaremos depois do jogo com o Beira-Mar e das eleições. Poderão vir aí jogadores internacionais e não ex-internacionais. E não são trunfos eleitorais, porque essas questões não devem ser tratadas na praça pública. Temos confiança nestes jogadores e, com reforços, estou certo que atingiremos os nossos objectivos. É preciso ver que estamos ainda na 14ª jornada e faltam 20. É como se partíssemos para esta etapa final com três pontos de desvantagem. É só recuperá-los e depois procurar a nossa classificação".
Também o projecto da sua candidatura para a Academia Briosa XXI e para a formação no clube, mereceu algumas considerações por parte do candidato: "Em primeiro lugar, há que explicar que tem um edifício principal que estará pronto no princípio da próxima época. Ficará lá o departamento de futebol, a formação, departamento médico, serviços administrativos, balneários, entre outras coisas. Mas também um dormitório com 20 quartos duplos e triplos, refeitórios, salas de estudo. Pretendemos criar um espaço para a formação. Nesta fase será uma espécie de embrião de um colégio. A par disto, há um trabalho que está a ser desenvolvido em conjunto com a Faculdade de Ciências de Desporto da Universidade de Coimbra. Neste momento temos 373 jovens nos escalões de formação, entre os 6 e os 18 anos. A meta é ter 500 com a Academia a funcionar. A formação é para levar muito a sério. Este trabalho com a faculdade permite-nos uma base científica para o desenvolvimento do conceito de jogador-tipo, seja na sua forma de pensar ou de integração na sociedade. Vamos criar esse perfil e depois avançar com o nosso próprio modelo de jogo, como os grandes clubes europeus".
Também o modelo de gestão preconizado para ao clube esteve em cima da mesa: "Podíamos optar pela SAD, que significaria uma gestão em forma de empresa, mas preferimos o Regime Especial de Gestão, que continua a dar primazia aos sócios e faz com que, no clube, só esteja quem o saiba gerir, assumindo desafios e comprometendo-se a saldar as dívidas. Quem não sabe gerir é penalizado e é por isso que a outra lista tem dúvidas sobre este Regime: eles não sabem gerir. Neste aspecto, há duas ferramentas fundamentais a desenvolver. Por um lado, uma Fundação, que terá a seu cargo todo o património imobiliário. Por outro lado, um Fundo de Investimento, do qual farão parte sócios, empresários ou outros, que se juntam para criar condições para captar jogadores de qualidade ou fazer investimentos importantes. Haverá uma gestão profissional, de forma a que esteja garantido o futuro da Académica".
Quanto aos salários da equipa principal, José Eduardo Simões não deixou dúvidas ao afirmar que "estão em dia. E o mesmo em relação aos jogadores que saíram e com os quais tínhamos questões a acertar".
Para além desta entrevista, a lista A continuou ontem a campanha ao realizar um jantar de Natal na cantina das químicas. Este jantar juntou cerca de três centenas de sócios. Ao ser questionado acerca das declarações de Álvaro Amaro, segundo o qual o Dr. João Moreno pretendia que fosse ele a exercer a presidência do clube enquanto estivesse doente, José Eduardo Simões não pretendeu fazer comentários afirmando apenas que "eu não vou comentar isso. Pessoas íntimas do dr. João Moreno conheço o José Barros e o Vasco Gervásio e, por isso, é melhor falar com eles". No que respeita ao jantar de Natal, Simões revelou-se bastante satisfeito com a adesão dos sócios à iniciativa dizendo que "muita gente gosta da Académica. Quem aqui está, gosta do clube e sente que este está a ser ameaçado". Para José Eduardo Simões o apoio de todos é reconfortante, no entanto o apoio de uma pessoa em particular deixou-o extremamente sensibilizado. O de João André Moreno, filho de João Moreno. A esse respeito o Presidente Interino afirmou que "não queria que tal fosse divulgado, mas dá-me muito gosto contar com o seu apoio e estou-lhe imensamente agradecido".